O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

terça-feira, 4 de abril de 2017

A palavra cego está no dicionário?

Faaaaaaaaala galera!
Essa postagem se refere à um fato ocorrido ano passado, que acabei de lembrar graças ao recurso de lembranças do Facebook. Kkkk.
Mas antes da postagem em si, tenho um toque pra te dar.
Já conhece o cabify?
É um serviço de carro particular semelhante ao Uber. esse você já conhece, com certeza.
se você não usou o Cabify ainda, experimenta! Não custa nada! até porque, se você utilizar o código promocional que eu vou te passar agora, vai ganhar R$15,00 de desconto na corrida, desde que seja a primeira vez que usa o serviço.
O código em questão é ANDREL596.
Estou te passando esse código, porque nada mais justo compartilhá-lo com você, que lê o cotidiano cego, prestigia as postagens e me dá força pra continuar escrevendo.
Mentira. Eu to te dando esse código porque cada vez que alguém usar, eu também ganho R$15,00. Kkkkkk.
Ta pensando o que? Nem relógio trabalha de graça! Kkkkkk.
Vamos então à postagem.
Depois de viajar de ônibus durante uma noite inteira até o Rio, tento localizar em todos os aplicativos conhecidos um carro para me levar ao meu destino.
Até que achei um carro no... Não. Esse eu não vou falar qual foi porque eles não tão me dando vantagem nenhuma e o último código promocional que me mandaram por e-mail eu pedi e falaram que o carro ia chegar em 35 minutos.
aí, na rodoviária, ligo para o motorista, para ratificar que sou cego e não ia ver quando ele encostasse, além de passar o local exato onde eu estava.
Moço. Sou cego e não vou ver você encostar.
vendo que em 10 minutos o cara não chegava, quando a previsão era de 5, liguei pra ele.
Moço. Onde você está?
eu to aqui!
aqui onde?
É um carro vermelho. Não tá me vendo?
Moço. Eu sou cego. Não tem como eu te ver.
ah tá..... Tá me vendo agora?
Moço. Não tem como eu te ver. sou cego.
ah tá. E agora?
Olha. Eu acho que o cara acreditava fortemente que podia fazer milagre. Não é possível. Fiquei pensando. Será que ele acha que me fez enxergar em questão de segundos?
Até que eu perdi minha paciência e falei:
moço. Onde você tá? vou ver se alguém me ajuda a te localizar.
Ele explicou e pedi ajuda para o primeiro camarada que estava ao lado e disse: Moço. Poderia me ajudar? estou tentando encontrar um motorista, num carro vermelho, que muito provavelmente não sabe o que significa a palavra cego. Tu poderia me ajudar a encontrar? O cara começou a rir e fomos na suposta direção do cara.
depois que finalmente achamos o carro, agradeci ao cara que me ajudou e finalmente embarquei.
Não! Vocês acham que a história terminou aí?
Nada disso!
Quando eu entrei no carro, o cara fechou a porta e disse:
Se tivesse dito que era deficiente visual, ficaria mais fácil!

Não!.... É demais!
Gente.
Façam um pequeno exercício:
voltem ao diálogo descrito nesse post e conte quantas vezes eu disse: "sou cego."
Kkkkkkk.

sexta-feira, 31 de março de 2017

adultos sabem o que estão fazendo. crianças não. Será?

Faaaaaaaaala galera!
Nessa postagem, pretendo mostrar comportamentos diferentes entre crianças e adultos, no tocante à ajuda.
desci do metrô um dia desses e resolvi comer uma tapioca na banquinha ali próxima, antes de trabalhar.
a senhora que ali fica, levou a afilhada, que deveria ter uns 9 anos.
quando eu cheguei, a menina logo perguntou como eu queria o café e em seguida, entregou na minha mão.
até aí, nada de excepcional. Afinal de contas, por outras vezes já havia comido tapioca ali e muito provavelmente a senhora poderia ter explicado, pensei eu.
a menina era bastante inteligente.
quando eu terminei meu café e vinha para o trabalho, ao começar a andar, a menina veio em minha direção e me guiou para o piso tátil.
Fiquei surpreso. Essa menina tinha um domínio de como lidar com cego que muitos adultos não tem.
O segundo caso, se deu quando voltava para casa.

Em parte do trajeto tem uma praça e uma escola.
Não raro, encontramos crianças na mureta que costumo usar como referência, brincando e conversando na calçada, entre outras coisas.
Certo dia, fui abordado e umas dessas crianças seguraram minha bengala e me puxaram por ela.
agradeci a ajuda, mas pedi que não me puxassem mais pela bengala, pois isso me atrapalhava porque eu não tinha como encostar ela no chão e não dava pra sentir a calçada e os obstáculos.
depois desse dia, as crianças, sempre que necessário, por conta delas estarem no caminho ou haverem obstáculos, continuaram me ajudando, mas não me puxaram mais pela bengala.

comportamento de adulto:
você anda, a pessoa te puxa pela bengala ou pelo braço e se você falar alguma coisa, é ingrato, metido e tudo mais, porque afinal de contas, ela está te ajudando.
de repente, eu posso estar sendo incompreensivo mesmo. vendo, por outro ângulo, se a pessoa me puxa pela bengala, não tenho como colocar ela no chão e tiver um buraco na frente, essa pessoa vai estar me ajudando a cair no buraco. Não deixa de ser uma ajuda. afinal, eu não teria coragem de fazer isso expontaneamente. se no lugar do buraco estiver um poste, eu não vou querer bater com a cara nele por livre e expontânea vontade. Só farei isso mesmo com a ajuda de alguém. kkkkkk.
A minha crítica ao comportamento adulto, assim como a comparação com o comportamento infantil, não se dá pela questão saber ou não saber como lidar com cego. aliás, esse não é o maior problema.
O preocupante no comportamento adulto descrito, está longe do não saber como lidar com cego, mas o da pessoa ter a certeza de que está ajudando, mesmo quando mostramos o contrário.
Esse é um erro que cometemos muitas vezes sem perceber.
A criança, talvez pela sua própria condição, tem o hábito de ouvir os adultos.
Nós, quando nos tornamos adultos, perdemos a capacidade de ouvir uns aos outros e nos posicionamos como seres que sempre sabem o que estão fazendo.
se a gente conseguisse manter essa atitude das crianças, mesmo enquanto adultos, acho que muitos aspectos do mundo seriam diferentes.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Bizarrice tem limite?

Faaaaaaaaala galera!

Depois de muito tempo, to voltando ao Blog.
sabem qual é a sensação de tentar alguma coisa que você pensa te facilitar e dar merda?
Eu sei muito bem! aconteceu com a minha tentativa de migrar para o snapchat.
Não era prático mexer com algo quase inacessível e também, não pegou.
aí consegui uma forma acessível de postar pelo celular e to de volta aqui mesmo.

Partindo para a postagem das bizarrices, antes vou contar algumas novidades.

Deixei de ser um cara quase saudável, com 118 KG e hoje, passei a ser um cara com 82 KG e cálculo na vesícula. Kkkkk.

é isso aí. Eu achava que estava com um cálculo na vesícula, mas o médico, semana retrasada disse que isso não é verdade. Não tenho um cálculo na vesícula. Pelo que ele conseguiu ver e eu não, tenho uns 3 ou 4. É mole isso?
Participei da grande promoção:
emagreça pra ficar saudável e ganhe, inteiramente grates, umas pedrinhas na vesícula.
chega de enrolar e vamos finalmente às bizarrices.
Outro dia, estava na avenida movimentadíssima em Santos esperando meu fretado, como faço todos os dias.
Ninguém conhecido no ponto, um barulho infernal na avenida e além de não ver, o que já é rotineiro, não ouvi meu fretado encostar.
O motorista fez sinal para que um cara ao lado me ajudasse.
só que, como não vi, não tinha noção do que estava acontecendo. Só senti um empurrão do nada e minha bengala batendo na porta do ônibus.

E não pára por aí!
Pensava eu que após o susto ia subir no ônibus e embarcar normalmente, só que não. quando eu tentei subir, o cidadão simplesmente me agarrou por trás.
Opa! Assédio no ponto de ônibus?
Gente. Já falei que cegueira não define sexualidade de ninguém.
embora eu seja heterossexual, deixa eu dar um conselho que acredito ser plausível para quando você for querer chegar num cego que seja homossexual, ou até mesmo numa cega, independente da sexualidade.
Po! Bate um papo primeiro! Não sai agarrando! Isso é considerado crime. kkkkk.
e o pior: Vocês não tem noção.
Eu pedia para o cara me soltar, senão, ficaria impossível eu subir no ônibus e ele não ouvia.
Ou será que fingia?
Sei lá. Fato é que o motorista precisou descer pra me ajudar e fazer o cara me soltar.
Não sei se ele tava com um fone de ouvido e não me escutava, ou qual era a dele. Fato é que essa cena bizarra fez eu ser zuado no fretado durante uns dois dias.
Mas acho que o pior ainda está por vir.
Com essa postagem, eu to lembrando os caras e o motorista para que eles comecem a me sacanear de novo. Kkkkk.

Outro dia no metrô.
Me preparo pra desembarcar. quando comecei a caminhar em direção à porta, um cara simplesmente entra na minha frente, sem deixar o mínimo de espaço para que eu passasse.
em seguida, ele pergunta:
Vai descer onde?
Eu: Na próxima estação.
ah, então é pra esse lado aqui mesmo!
Percebendo que após dizer que era pra esse lado mesmo o cidadão continuou parado no mesmo lugar, fui obrigado a questionar:
Moço. Tudo bem que é pra esse lado. Sei disso: mas, como eu faço pra passar?
Falei isso, esperando que ele se tocasse e me desse espaço para que eu finalmente chegasse à porta.
Mas, por incrível que pareça, ele continuou parado e disse:
moço, me desculpe, mas eu não tenho ideia de como posso te ajudar.

Respirei fundo, enquanto mentalmente xingava: Porra! Puta que pariu! Mas não é óbvio? Kkkkkkk.
Gente. que lógica possível fazia o sujeito não entender que precisava sair da frente pra eu passar? Me digam.
E, pra fechar com chave de ouro, vem a pior dos últimos tempos:
Ontem vinha para o trabalho e parei em uma das esquinas que precisava atravessar.
Vem um cara e pergunta:
quer ajuda para atravessar?
Sim, por favor.
De repente, o cara, querendo puxar papo me diz:
É difícil, né moço? deveriam colocar uns sinais luminosos aqui!.
em?...... Como?... sinais luminosos?
Mas será que os semáforos já não são?
Ou será que ele quis dizer sonoros?
Ou, pior ainda, será que ele já não tava enxergando a cor do semáforo e precisava de uma luminosidade melhor pra conseguir atravessar?
´se a resposta correta foi o último caso, olha o risco que eu corri.
Sinceramente, espero que ele tenha apenas se confundido, porque é possível que eu precise da ajuda dele de novo.
Kkkkkkk.
Olha, depois dessa, acho melhor encerrar a postagem.
Como de tudo na vida se pode extrair algo, só cheguei a uma conclusão.
Se bizarrice tem limite, eu ainda não descobri qual é.