O que você acha da minha ideia de indicar algum som que curto em cada postagem do Cotidiano Cego?

terça-feira, 17 de junho de 2014

A LUTA PELA ABERTURA LIMPINHA

Faaaaaaaaaaaaaaala galera!

É. Esse título vai gerar várias interpretações após a leitura desse texto, mas.

Abertura da Copa.

Véspera de feriado. Tudo parecia normal.

Fiz tudo como de costume nos feriados e fins de semana.

Saio do trabalho, passo em casa, tomo meu banho, me arrumo e vou......
Vocês conseguem adivinhar pra onde?

Se você respondeu para o bar, além de acertar, acabou de ganhar
convites para as melhores festas juninas do ano passado! kkkkkk.

Já não podem dizer que o Cotidiano Cego nunca premia os leitores.

Acordo no dia da abertura pensando em fazer tudo como nos demais
feriados, sábados e domingos.

Acordo, escovo os dentes, tomo meu banho, tomo café... em fim:

Acordei, escovei meus dentes e, ao tentar tomar meu banho, cadê a água?

Sério....... Não tinha água.

E aí, pensava em ir para Mogi Das cruzes em credo.... Ops... quis
dizer Mogi Das cruzes credo! Como isso é longe!

Não... Quero dizer na verdade, Mogi Das Cruzes, antes que a galera de
lá resolva me bater na próxima vez que eu pegar um trem.

Mas em fim: Um amigo perguntando se eu realmente ia e eu explicando a
situação, dizendo que antes precisaria arrumar um lugar pra tomar
banho!

Ele, muito consolador, disse:

"Opa! Vem assim mesmo! É legal que ninguém senta do seu lado no busão!
kkkkkkkkkk."

Depois de um tempo liguei para um amigo que, por muita sorte tinha
água na casa dele e, me senti até aliviado! rs.

Mas, minha preocupação não parava aí.

E amanhã?

Como eu vou fazer?

Acordo cedo pra ir trabalhar e......

Ai, meu amigo novamente consolador, diz:

"Opa! acho melhor você comprar lencinho perfumado pra amanhã!" kkkkkkkk.

Resolvido o problema para que eu tivesse uma abertura limpinha.......
Bom..... Eu me referia à abertura da copa...... mas..... bom.....
deixa pra lá.... Afinal por outro sentido, a abertura também ficou
limpinha após o banho........ Mas, vamos voltar ao texto.

E então, acordo sexta-feira naquela expectativa.

Levanto, vou ao banheiro, abro a torneira e...... Já tinha água, tá gente!

Sou capaz de apostar que muitos já pensaram que não tinha água e iam
dar mais risada da desgraça alheia, né? kkkkkk.

E com tudo isso, aprendi uma lição muito importante:

Preciso comprar um balde!

Se você é solteiro, mora sozinho ou solteira e mora sozinha e não tem
um balde em casa, vai por mim! Compre um urgentemente, porque se
faltar água no feriado tu não vai conseguir comprar na última hora.

Hoje, segundo jogo do Brasil......

Também tem água....

Já tomei meu banho e agora vou trabalhar limpinho, tá?

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A POLÍTICA PÚBLICA DA EXCLUSÃO

Faaaaaaaaaaaaaaaaala galera!

Logicamente, não poderia jamais, começar essa postagem sem parabenizar
a equipe da CBN Rio, pela excelente reportagem e por divulgar
publicamente, o descaso do poder público conosco.

Seria, da mesma forma, uma grande injustiça se eu deixasse de citar a
repórter Diana Rogers, por ser peça chave nessa excelente cobertura e
ter falado com total conhecimento de causa, pois como ela mesma disse
em sua participação, tem um padrasto cego e já trabalhou com close
Caption para surdos.

Agora, vamos à parte lamentável da postagem.

Antônio Pedro Figueira De Mello.

Guardem bem esse nome.

Anotem na agenda, celular, porta da geladeira.... Não importa onde.

Vital é que você lembre desse cara, principalmente em épocas de eleição.

De repente esse cidadão, hoje secretário Municipal de Turismo da
cidade do Rio de Janeiro, se candidata a algo no futuro.

Vou documentar tudo para preservar sua memória.

Você que tem alguma deficiência; Você que tem algum amigo ou familiar
em tal condição; Guarde essa.

Sabemos que o Rio de Janeiro, em 2016, sediará as Olimpíadas e Paralimpíadas.

a CBN, por intermédio da repórter Diana Rogers, procurou o SECRETÁRIO
MUNICIPAL DE TURISMO, SR. ANTÔNIO, PEDRO, FIGUEIRA DE MELLO, para
saber se o legado da copa poderia ser aproveitado em 2016.

Para quem é cego, usa leitores de tela e possa não ter percebido,
coloquei tanto o cargo quanto o nome do cidadão em caixa alta.

a declaração dele foi a seguinte:

"A gente analisa muito o público que vem para um evento como esse e o
público que vem para a Copa não é este".

Opa.

Como ele tem tanta certeza?

Honestamente, gostaria muito de assistir à final da copa no Maracanã,
mas não pude adquirir o ingresso.

Olha!

Parabéns às fontes dele.

Como ele soube disso?

Afinal, um estudo a fim de descobrir que nenhum surdo, cego,
cadeirante, etc. irá à copa, precisa ser altamente minucioso!

Pensando bem, isso é praticamente óbvio.

Pra que um cego vai a um estádio se nem vai ver a bola?

E um surdo, que nem escutará o grito da galera....

Provavelmente esse cidadão partiu desse princípio.

Ele ta de sacanagem! No mínimo.

Então, na visão dele, cegos, surdos, cadeirantes, etc. não gostam de
Futebol, não vão ao estádio...

Isso vem ao encontro da postagem publicada ontem, intitulada "CEGOS DIFERENTES".

Ele exerce tão bem a função de SECRETÁRIO MUNICIPAL DE TURISMO, que
nem se deu conta de um pequeno detalhe:

Dentre os turistas recebidos pela cidade durante a Copa, algum pode
ter deficiência.

Ou ele já consultou sua querida bola de cristal e constatou que isso
não acontecerá?

Isso é a maior prova de que ignorar as questões de acessibilidade e,
por conseguinte a nós, não é apenas uma questão de desinformação.

E nesse caso, nem a justificativa de que a imprensa distorceu os fatos é válida.

Segue o link onde vocês vão poder ouvir o que foi dito pelo cidadão:

http://cbn.globoradio.globo.com/grandescoberturas/copa-2014/2014/05/28/SECRETARIO-DE-TURISMO-DO-RIO-ADMITE-QUE-NAO-HA-PLANEJAMENTO-PARA-RECEBER-DEFICIENTES-F.htm

após o texto publicado, tem um link para que você possa ouvir.

Felizmente, nos resta um fio de esperança em toda essa luta.

Além do apoio por parte da CBN, a COMISSÃO DE DEFESA DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA DO RIO DE JANEIRO se posicionou, não só repudiando as
declarações do Secretário, como tomando as medidas cabíveis.

Nem sempre vemos nossas instâncias representativas cumprindo seu papel
e, quando finalmente isso acontece, cabe registro.

terça-feira, 3 de junho de 2014

CEGOS DIFERENTES

Faaaaaaaaaaaaaala galera!

Quando se fala em cegueira ou qualquer outra deficiência, é comum
usarmos a frase:

"Precisamos aprender a conviver com as diferenças."

Diferenças?

Com certeza tal termo é totalmente compatível com o padrão imposto
pela sociedade, no qual o normal é o fisicamente perfeito.

Mas, vamos analisar o termo.

Precisamos de ajuda em determinadas situações, como atravessar uma rua.

Seria isso suficiente para nos tornar diferentes?

Os semáforos sonoros resolveriam a questão, mas....

Não gosto de me citar como exemplo, mas.....

Sou técnico em TI e estudante de Análise e Desenvolvimento de sistemas.

Em que eu sou diferente dos demais profissionais do setor ou dos
colegas de turma na faculdade?

Sim. Para usar o computador eu preciso instalar um software que faz
ele falar o que aparece na tela. Mas, isso seria suficiente para
diferenciar? Ou, na verdade, me iguala, pois me possibilita trabalhar
e estudar da mesma forma que os demais.

Ah sim. Não vi o gráfico no slide e preciso que alguém me explique. Mas.....

No que seríamos diferentes de uma outra pessoa que está tomando
cerveja em um bar?

Nosso dinheiro é igual, nosso cartão é igual, a mensagem que eu vou
receber no celular quando usar o cartão para pagar também é igual e
inclusive o desfalque de dinheiro também vai ser igualzinho! kkkk.

Se for um bar desconhecido, ou até mesmo num conhecido, pela falta de
espaço, posso preferir que alguém me conduza até o banheiro para não
esbarrar nas pessoas e coisas no caminho.

Mas, esse mero detalhe me tornaria diferente?

Passou uma mulher gostosa na rua. Você, leitor do blog vai ver e eu
não.... É..... aí até pintou uma diferença. kkkkkk.

Mas, vamos voltar ao texto.

Muitos defendem com unhas e dentes a seguinte máxima: "As vezes
precisamos diferenciar para igualar."

Não vamos confundir diferenciar com adaptar.

As guias rebaixadas, são usadas para que os cadeirantes possam se
locomover melhor, tal como qualquer pessoa.

Tal iniciativa, os contempla com o direito de ir e vir, que, segundo
nossa constituição pertence a todo cidadão.

O semáforo sonoro, nos permitiria atravessar as ruas tal como quem
enxerga normalmente. Fácil perceber que isso nos igualaria nessa
questão.

Um sistema como o já implementado em São Carlos que avisa o ônibus que
está parando, nos igualaria.

O sistema de fala nos caixas eletrônicos, já implementado pelo Itaú,
Banco Do Brasil e outros, nos possibilita realizar operações bancárias
como qualquer pessoa.

Mediante ao exposto acima, pergunto:

Somos diferentes, ou as coisas não são pensadas de forma a nos igualar?

Seriam então, um usuário de óculos e uma pessoa idosa, diferentes por
precisarem de letras maiores para conseguirem ler?

Deixo essas questões para que reflitam.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

QUE MERDA DE VIAGEM!

Faaaaaaaaaaaaaaaaala galera!

Se você lê essa postagem enquanto toma café, almoça ou janta,
recomendo fortemente que você salve o link, termine e depois leia.

Sexta-feira. O dia mais aguardado da semana.

Aquele em que você não vê a hora de seu expediente terminar logo e ir
tomar umas geladas.

Saio, naquela animação e fico no ponto esperando o busão.

Ele chega, alguém me avisa, afinal, todo mundo que costuma pegar
ônibus no ponto naquele horário já me conhece.

Entro no ônibus.

Vazio, com assentos disponíveis, tudo maravilhoso. Não poderia estar melhor!

Eis que de repente, antes de colocar meus fones no ouvido, começo a
ouvir os seguintes comentários:

Provavelmente alguém pisou e trouxe aqui pra dentro!

É. se tivesse um pedaço de jornal dava pra colocar em cima.

Pior de tudo é que os comentários vinham de um local bem próximo à
porta por onde eu teria que descer.

Logo pensei:

Que merda!

Aliás, literalmente, né?

Para aumentar o desespero, escuto:

Precisava de mais jornal... Não foi o suficiente.

Como não bastasse o cheiro que exalava daquela merda de busão, senti
que viveria um grande momento de adrenalina.

Descer do ônibus.

E se eu acabar pisando?

Pisar não é nada! pior é se a minha bengala for exatamente lá.

Na hora que eu precisar dobrar..... Ai.... Dá nojo só de pensar, mas é
algo infelizmente possível.

Tive uma grande ideia.

Vou seguir o fluxo do pessoal que esteja descendo. Provavelmente terão
o cuidado de desviar e caso ninguém me avise, estarei salvo.

A ideia seria ótima, caso o ônibus não fosse esvaziando a ponto de
estar completamente vazio durante o meu desembarque.

Eu só pensava:

É agora....

Tudo bem que eu gosto de adrenalina no entanto, esse tipo eu dispenso.

Fui, com a cara e a coragem e, quando cheguei no trabalho, perguntei
se minha bengala estava ok.

Um amigo disse:

Sim. Mas, por que você está perguntando isso?

Depois eu te explico.

E assim, tive a certeza de ter chegado ileso ao trabalho.